quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Terreno à Saúde


            Com o anúncio do Governo do Estado do perfil do novo hospital (entre os 3 prometidos ao novo quadriênio Ferreira Gomes) a ser construído em Fortaleza, a Copa do Mundo, vista como ente de mudanças e de reflexo da falta de estrutura brasileira, ganha mais fôlego em uma de suas cidades-sedes. Em clara necessidade de equipamentos que bem possam acolher a leva de brasileiros e estrangeiros em terras de Iracema, a preocupação, no entanto, alavanca outra questão: é preciso gerir projetos que perdurem além das semanas de Copa; é preciso pensar em instrumentos e transformações alinhadas com as necessidades locais, que vislumbrem à assistência dos quase 3 milhões de fortalezenses.

            Com o novo Hospital, a missão é árdua: desafogar o IJF e o HGF
preenchendo um perfil de urgência e emergência em traumatologia e clínica médica, mantendo a excelência de atendimento já incrustada na história dessas duas grandes unidades assistenciais e visando à formação profissional especializada, criando oferta aos novos hospitais e policlínicas que povoam o estado. Os Hospitais Regionais, hoje elencados para a assistência às três grandes macrorregiões cearenses, carecem de dezenas de especialidades médicas que podem, plenamente, terem ponto de formação no novo Hospital Metropolitano, agregando a experiência de formação já reconhecida das unidades já instaladas e pegando carona na docência e supervisão das escolas médicas instaladas aqui na Capital. 

 Outra grande missão, essa mais afinada com a mobilidade urbana, é o locus onde repousará o nosocômio híbrido. Se o propósito é dar vazão às demandas internacionais da Copa, nada mais justo que o instalar em áreas adjacentes às atividades esportivas. No entanto, com o crescimento desordenado de Fortaleza, é preciso também reconhecer uma área de rápido e livre acesso e que também facilite receber a demanda vinda de cidades vizinhas, além de se posicionar em uma área de grande demanda em Fortaleza, a cidade-natal da nova empreitada. Em resumo, é preciso instalar o novo Hospital em terras adjacentes ao Estádio Castelão e ao Aeroporto Internacional, além de posicioná-lo em vias de alto e comunicante fluxo em uma área de notável demanda de equipamentos de assistência em saúde. A própria urbanização das áreas imediatamente adjacentes já é tema de vislumbre da população; quando um equipamento de tal porte aperfeiçoará o que já existe a catalisará o crescimento da vizinhança, dispensando a polêmica e os custos com desapropriações ou grandes intervenções.

            Resolvendo a visão turva do terreno que albergará aquele que aliviará as dores do IJF e do HGF, há uma luz: o campus do Itaperi. Com uma oferta pomposa de 100 hectares planos e muito bem posicionados, o campus avizinha-se de uma população de quase 1 milhão de habitantes das regionais 4 e 5, tem distância ao Castelão de cerca de 10min, acessos pelos bairros Parangaba e Maraponga, está a poucos instantes do Aeroporto Internacional e da BR-116, está próximo aos terminais da Parangaba e da Lagoa, será atendido pelo Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e terá o fomento de uma universidade que subsidiará a implementação de protocolos, pesquisa, extensão e programas de residências médica e profissional sob a tutela de seus bem avaliados cursos da Saúde.

A UECE, apesar da modéstia de seus 35 anos, tem venerada experiência na formação em Saúde. Hoje, a Universidade alberga os cursos de Medicina, Enfermagem, Nutrição, Educação Física, Biologia, Psicologia, Ciências Sociais e Administração, que, direta ou indiretamente, podem nutrir o nosocômio pleiteado com docentes de altíssima qualificação técnica dispostos a colaborar com o nascimento de protocolos, pesquisas, formação especializada, supervisão e consultoria aos auspícios de uma unidade que já se vislumbra como a de mais moderna assistência do Ceará. Vale destaque ainda aos programas de especialização, mestrados e doutorados que recebem o selo UECEano no campo da Saúde, garantindo a oferta de qualificação técnica ao Hospital Metropolitano.

            Não há dúvidas de que o campus do Itaperi, aliando-se viabilidade técnica à forte e respaldada estrutura universitária, tem a melhor oferta ao Hospital Metropolitano. São os hectares itaperienses os mais qualificados para albergar aquele que promete ser muito mais que o mero apetrecho para a Copa.

            Assim, as terras UECEanas, latentes em sua imensidão, antes áridas e despovoadas de investimentos, tornam-se hoje campo fértil e profícuo ao nascimento de um dos mais importantes equipamentos do Ceará, complementando a nobre missão da Universidade em iluminar os caminhos: agora, do ensino e da Saúde.


João Brainer Clares de Andrade

Acadêmico de Medicina da Universidade Estadual do Ceará

Membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, regional Ceará

4 comentários:

Erasmo Ruiz disse...

Brilhante estudante, brilhante escritor e agora um brilhante "blogueiro". Parabéns Brainer!

João Brainer disse...

Professor, muito obrigado! A causa é nobre e envolve grande benefício a estudantes e à população. Grande abraço!

detetive disse...

Em nome da 4º turma de medicina da UECE, dou os parabéns a iniciativa do Brainer em fazer este blog, divulgando de forma brilhante o interesse da UECE em construir o novo hospital no campus do Itaperi. Parabéns também a professora Glaúcia por defender a criação do Hospital no campus da UECE em audiência na OAB.

Italo Rossy,

João Brainer disse...

Valeu, Italo! No entanto, não fui eu que fiz o Blog... Escrevi o artigo a pedidos dos criadores do Blog.
Abraço!

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